Foto: Divulgação / Flamengo

O diretor de futebol do Flamengo, José Boto, vive sua primeira grande turbulência desde que assumiu o cargo, há pouco mais de seis meses. Indicado como homem de confiança do presidente Rodolfo Landim e especialmente do vice-presidente de futebol, Rodrigo Dunshee de Abranches (Bap), o dirigente português vem sendo questionado nos bastidores do clube, apesar dos resultados positivos em campo.

As críticas aumentaram após a polêmica contratação do atacante Mikey Johnston, jogador irlandês da segunda divisão inglesa, que acabou sendo vetada por Bap após forte repercussão negativa entre torcedores e conselheiros. A intervenção direta do presidente foi um marco da instabilidade que cerca a gestão de Boto no comando do futebol rubro-negro.

Além do caso Mikey, a negociação de Victor Hugo com o Famalicão, de Portugal, sem compensação financeira ao Flamengo, também gerou forte incômodo interno. O jogador, de 21 anos, ainda tem dois anos de contrato com o clube, e a transação foi travada por pressão de dirigentes e conselheiros que contestaram a condução do negócio.

Apesar do respaldo de Bap, Boto enfrenta desgaste com jogadores, empresários e funcionários do dia a dia do clube. Internamente, há quem critique seus métodos e a maneira como conduz as relações. Do lado do dirigente, há sinais de insatisfação, mas pessoas próximas consideram improvável sua saída imediata, especialmente com a janela de transferências se abrindo nos próximos dias.

Multa de R$ 2 milhões trava possível rompimento

O contrato de José Boto com o Flamengo tem multas rescisórias pesadas. Em caso de rompimento unilateral, seja por parte do clube ou do dirigente, a penalidade é de aproximadamente R$ 2 milhões. O vínculo segue moldes semelhantes aos contratos dos jogadores, com divisão entre vínculo trabalhista e direito de imagem.

Além disso, há uma cláusula que penaliza com 30% a mais em caso de saída sem aviso prévio de 30 dias, o que aumenta o custo de um eventual rompimento.

A cláusula remete ao entendimento do clube em outras situações, como no caso Gerson, onde o Flamengo cogita acionar judicialmente o volante após sua saída para o Zenit, da Rússia, por considerar que houve quebra contratual antecipada com base em cláusulas semelhantes.

De promessa a ponto de interrogação

José Boto chegou ao Flamengo em 28 de dezembro de 2024, com pompa de grande reforço. A chegada foi transmitida ao vivo pela então FlaTV, e o português prometeu “mudar toda a condução do futebol rubro-negro”. Apesar do bom desempenho do time em campo neste primeiro semestre, o ambiente nos bastidores é tenso, e o prestígio conquistado no início da temporada já não é mais o mesmo.

A situação de José Boto se tornou mais um capítulo das disputas políticas e administrativas do Flamengo, onde bons resultados esportivos nem sempre garantem estabilidade nos bastidores.

Move | A Marca da Sua Marca!